sábado, 5 de agosto de 2017

Diálogos entre Cunha e Alves seriam negociação de propina, diz a PF

JN

PF enviou ao STF relatório com diálogos entre Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves. Nas mensagens de texto, em 2012, eles citam Michel Temer.


A Polícia Federal enviou ao Supremo Tribunal Federal um relatório com diálogos entre os ex-presidentes da Câmara Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves. Nas mensagens de texto, em 2012, eles citam Michel Temer, na época vice-presidente da República. Segundo os investigadores, os então deputados negociavam pagamento de propina.
A conversa foi encontrada no celular do ex-deputado Eduardo Cunha. O aparelho foi apreendido na casa de Cunha, no Rio, em dezembro de 2015, na Operação Catilinárias.
A Polícia Federal fez a perícia no celular, que tinha diálogos entre os ex-presidentes da Câmara Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves, deputados federais quando as mensagens foram trocadas. Os dois estão presos na Lava Jato, Cunha desde outubro do ano passado e Henrique Alves desde junho deste ano.
Investigadores dizem que eles conversaram de forma cifrada e citaram três "convites". A Polícia Federal interpreta “convites” como repasses ilegais, propina. A conversa foi no dia 22 de agosto de 2012.
Henrique Alves procura Eduardo Cunha e sugere na mensagem que estaria com alguém: "Joes aqui. Saindo. Confirme dos 3 convites, 1 RN, 2 SP!"
Eduardo Cunha questiona: “Ou seja ele vai tirar o de São Paulo para dar a você?” E completa: “Isso vai dar merda com Michel.”
A Polícia Federal suspeita que Joes seja Joesley Batista. RN, Rio Grande do Norte, domicílio eleitoral de Henrique Eduardo Alves. SP, São Paulo. E Michel, uma referência a Michel Temer.
A polícia destaca: “A hipótese seria que três repasses originados do acerto com o grupo JBS fossem relacionados a Michel Temer, lembrando que era um momento eleitoral. Porém, houve a intervenção de Henrique Alves para que um fosse direcionado ao Rio Grande Norte, fato que poderia gerar alguma indisposição com Michel Temer, segundo Eduardo Cunha.”
Na sequência desse diálogo, Cunha diz: "E ele não estaria dando nada a mais."
A Polícia Federal diz no relatório que é possível observar por esse diálogo que Cunha esperava valores maiores de Joesley.
Agora, esse relatório vai ser enviado pelo ministro Luiz Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo, para a Procuradoria-Geral da República, que vai decidir se vai pedir alguma investigação a partir dessas informações ou se vai pedir que o caso vá para a Justiça em primeira instância. Alves e Cunha não têm mais foro privilegiado, mas continuam sendo investigados no Supremo junto com outros parlamentares. Eles são réus na Justiça Federal em Brasília e no Rio Grande do Norte.
O que dizem os citados
A defesa de Henrique Eduardo Alves disse que ainda não teve acesso ao relatório e que, portanto, não vai comentar.
O Palácio do Planalto e a defesa de Eduardo Cunha não vão se manifestar.

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