DN - Dez espaços na zona do Príncipe Real (Lisboa) acolheram na noite de ontem sessões de leitura de livros de autores de dez países europeus.
"Um quarto pode ser uma casa e este quarto e esta varanda onde se vê o mar é a nossa casa". Foi com estas palavras, do início de um capítulo de O Retorno, de Dulce Maria Cardoso, que Mónica Calle iniciava mais uma sessão de leitura. Estávamos no átrio do Museu de História Natural, num tranquilo final de tarde de sábado, uns saindo da sessão anterior, outros procurando um lugar entre as cadeiras para a sessão seguinte. Nas mãos uma folha, com a lista dos lugares a visitar, cada qual procurando o carimbo de cada um. Afinal, ao fim de quatro carimbos, habilitávamo-nos a um sorteio de livros...
Por uma noite apenas, dez locais públicos na zona do Príncipe Real, em Lisboa, acolheram a Noite da Literatura Europeia. Portugal estava representado pelo livro de Dulce Maria Cardoso e tinha o Museu de História Natural como sede. Entre a Rua da Escola Politécnica e os primeiros quarteirões da Rua D. Pedro V, com algumas transversais adjacentes e o Jardim do Príncipe Real pelo meio, a Noite da Literatura Europeia fez muitos a rumar de capelinha em capelinha para ouvir excertos de leituras, por vezes pelos próprios autores.
No café Poisson d'Amour, por exemplo, lia-se O Amante de Duras ora em francês ora em Português. No British Council escutavam-se excertos de Nadar Para Casa, por vezes nas palavras da escritora Deborah Levy. Já numa das salas do Pavilhão Chinês, Bernardo Gavina ia lendo Paris, ao lado do autor Marcos Giralt Torrente. O espaço "português" era um dos mais concorridos. Tal como o de Itália (com leituras de Paolo Nori), instalado na biblioteca da Imprensa Nacional, ali quase ao lado.
O Instituto Ibero-Americano da Finlândia teve o seu pólo instalado no pequeno Espaço Cultural das Mercês, sob as rampas de acesso da Rua Cecílio de Sousa ao Jardim do Príncipe Real num lugar onde outrora eram guardados instrumentos de jardinagem. Ali os atores Samanta Franco e Miguel Curiel liam Cortar a Meta, peça de Maarinka Vaara que, entre bolachas e atletismo, dão-nos um expressivo retrato do relacionamento surdo de um pai (o que não ouve) com, a sua filha. Entre as figuras do atletismo que ali avocam conta-se Lasse Virén, o fundista que em 1976 bateu o português Carlos Lopes na final olímpica dos 10 mil metros.
O mapa europeu desta noite de leituras colocou a Alemanha na Embaixada com José F.A. Oliver, a Áustria no Palácio Palmela (casa da Procuradoria Geral da República) com Anna Kim, a República Checa na Reitoria da Universidade Aberta com Jorge Listopad e a Roménia, com poemas de Ion Muresan no Café Orpheu.
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