segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Toda cúpula da Petrobras sabia de desvios

Advogado disse que Venina manteve cópias dos emails porque sabia que estavam sendo cometidas irregularidades e decidiu ajudar nas investigações


Venina deverá prestar novos depoimentos e tem pelo menos três marcados para fevereiro



Brasília (Diário de Cuidabá) - Em depoimento de cinco horas ao Ministério Público Federal em Curitiba, na sexta-feira, a ex-gerente da Petrobras Venina Velosa da Fonseca, contou que está sendo ameaçada e entregou milhares de documentos, principalmente cópias de emails e relatórios internos de auditoria, à força tarefa de procuradores que investiga o cartel de empresas e o desvio de dinheiro de obras da estatal. 

Venina deverá prestar novos depoimentos ao Ministério Público Federal e tem pelo menos três depoimentos marcados para fevereiro, a serem prestados ao juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara da Justiça Federal no Paraná, responsável pelos inquéritos da Operação Lava-Jato que não envolvem autoridades com foro privilegiado. 

Segundo o advogado Ubiratan Mattos, que representa Venina, ela reafirmou que toda a diretoria da Petrobras sabia das irregularidades, incluindo Graça Foster, e os documentos devem ajudar a força tarefa nas investigações. 

Mattos explicou que Venina manteve cópias dos emails porque sabia que estavam sendo cometidas irregularidades e decidiu ajudar nas investigações depois de ver seu nome incluído entre os responsáveis pelas irregularidades nas obras da Refinaria Abreu e Lima, ao lado de Pedro Barusco Filho, da diretoria de Engenharia e Serviços, que mantinha contas no exterior a serviço do esquema. Barusco, que assinou acordo de delação premiada e se prontificou a devolver cerca de R$ 100 milhões mantidos fora do país, era subordinado de Renato Duque. 

O advogado afirmou que Venina passou a ser intimidada por telefone após a primeira denúncia, com recados como "você está mexendo com gente grande". 

O Ministério Público Federal apresentou à Venina a possibilidade de ela ser ouvida como "colabora", em acordo de delação premiada, mas o advogado Ubiratan Mattos afirmou que ela não considerou necessário. 

“Essa foi apenas a primeira conversa com o Ministério Público Federal. Mantivemos o sigilo por segurança. Ela tem sofrido ameaças por telefone”, explicou o advogado, acrescentando que Venina é divorciada, tem duas filhas e teme pela segurança delas. 

Para Mattos, a atitude da ex-gerente da Petrobras é essencial para mudar a forma como são feitos negócios no Brasil, que causa indignação a todos os cidadãos, inclusive a ele próprio. 

O procurador Deltan Dallagnol, que lidera a força-tarefa do MPF na Operação Lava-Jato, também ressaltou que Venina depôs na condição de testemunha e não negou que ela possa ser ouvida novamente na sequência das investigações. 

Venina foi gerente executiva do Abastecimento-Corporativo entre 2005 e outubro de 2009 e integrou o Conselho de Administração da Refinaria Abreu e Lima ao lado de Paulo Roberto Costa e José Carlos Cosenza. 

O relator da Comissão Interna de Apuração que investigou irregularidades nas obras da refinaria, afirmou ela assinou em 2007, atendendo a pedido de Costa, o documento de antecipação de obras da refinaria, que teria causado problemas nas obras e a necessidade de vários aditivos contratuais com as fornecedoras,a maioria deles aumentando preços.

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