terça-feira, 15 de março de 2016

Dólar dispara 3% e atinge máxima ainda sob efeito de rumores de Lula ministro


Chance de impeachment fica menor se ex-presidente assumir ministério; exterior cai após decisão do banco central japonês 



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 Por Ricardo Bomfim

SÃO PAULO - O Ibovespa acelera perdas e o dólar aumenta alta com diversos jornais dando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como novo ministro da Secretaria do Governo, pasta que está atualmente sob o comando de Ricardo Berzoini. Também saem notícias de que o relator da Operação Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal), Teori Zavascki, homologou a delação premiada do senador Delcídio do Amaral (PT-MS). Lá fora, as bolsas internacionais caem após o banco central japonês traçar um cenário mais pessimista para a segunda maior economia da Ásia e não acenar com um aumento de estímulos que animasse o mercado. 

Às 16h07 (horário de Brasília), o benchmark da bolsa brasileira caía 3,58%, a 47.119 pontos. Já o dólar comercial sobe 2,99% a R$ 3,7618 na venda, enquanto o dólar futuro para abril tem alta de 2,72% a R$ 3,780. No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2017 opera em alta de 3 pontos-base a 13,86%, ao passo que o DI para janeiro de 2021 registra ganhos de 30 pontos-base a 14,58%. 

Para Cassiano Leme, gestor da Constância Asset, todas as notícias que fragilizam o governo vão ser interpretadas de forma positiva na Bolsa. É por isso que o dólar chegou a ameaçar zerar perdas após as notícias sobre a delação de Delcídio, citando inclusive uma suposta tentativa de comprar o silêncio do ex-líder do governo no Senado, pelo ministro da Educação, Aloizio Mercadante. No entanto, a Bolsa passou a despencar mais forte com a confirmação pelo colunista do Globo, Lauro Jardim, de que Lula é ministro do governo Dilma. 

"É um panorama muito complexo. O mercado vai ser muito volátil e confuso nos próximos dias. A Lava Jato deve continuar revelando fatos enormes e bombásticos com delações de executivos da OAS, Odebrecht, Andrade Gutierrez e também de Mônica Moura, a mulher do publicitário João Santana", explica o gestor. 

Lula perto de se tornar ministro
A ala petista já dá como certo que Lula aceitará o convite, segundo coluna da Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo. O Valor Pro também diz que a nomeação de Lula para o ministério é dada como certa. 

Porém, Lula teria imposto condições: só toma posse depois de uma conversa franca nesta terça e com garantias de que a política econômica mudará. Em um primeiro momento, a entrada de Lula levaria a uma guinada do governo à esquerda, de forma a fazer com que houvesse uma reconexão com as bases sociais. 

Uma destas propostas seria o uso das reservas internacionais apesar do que o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, disse recentemente. "Essa perspectiva de queima de reserva pra investimento está descartada. Se for o caminho, será para pagar dívida, há uma reflexão sobre isso, mas nenhuma decisão a respeito", afirma Wagner. A cúpula do PT e Lula insistem na necessidade de o governo usar um terço dos US$ 372 bilhões das reservas internacionais para a criação de um Fundo Nacional de Desenvolvimento e Emprego. Dilma e o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, no entanto, sempre resistiram à ideia. 

Delcídio
Em seu acordo de delação premiada, o senador Delcídio do Amaral (PT-MS) acusou o ministro Aloizio Mercadante de lhe oferecer ajuda financeira, política e jurídica em troca de seu silêncio, de acordo com informações da revista Veja. Segundo Delcídio, Mercadante agira a mando de Dilma. Nos diálogos aos quais a revista teve acesso, o ministro da Educação oferece ajuda financeira à família de Delcídio e promete usar a influência política do governo junto ao Senado e ao Supremo Tribunal Federal para tentar evitar a cassação do senador e conseguir sua libertação. Segundo a revista, Mercadante deixa claro ao assessor que vai tentar "construir com o Supremo uma saída" para Delcídio, citando até o ministro do STF Ricardo Lewandowski. O ministro afirmou que o presidente do Supremo poderia libertar o senador por meio de liminar, durante o fim do recesso do Judiciário.

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