terça-feira, 17 de maio de 2016

Ilan Goldfajn é indicado para a presidência do Banco Central


Henrique Meirelles anunciou os novos integrantes da equipe econômica. 
O indicado para o BC é ex-economista-chefe e sócio do Itaú Unibanco.

Flávia Alvarenga
Brasília

O ministro da Fazenda Henrique Meirelles anunciou, nesta terça-feira (17), os integrantes da nova equipe econômica e confirmou o nome de Ilan Goldfajn para a presidência do Banco Central.

Meirelles anunciou também o secretário de Previdência, Marcelo Caetano; o secretário de Acompanhamento Econômico, Mansueto de Almeida; e o secretário de Política Econômica, Carlos Hamilton. Todos os cargos são subordinados diretamente ao ministério da Fazenda.

O anúncio foi feito pelo ministro antes da abertura do mercado. Ele repetiu seu lema de trabalho: “Vamos devagar que eu tô com pressa. Isto é, a ideia é nos mover rapidamente, mas de forma eficaz, sem idas e voltas”.

Confira o perfil da nova equipe:

O economista Ilan Goldfajn não estava na coletiva. Ele tem 50 anos e uma respeitada carreira acadêmica e profissional. É mestre em economia pela PUC do Rio de Janeiro e doutor pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts. Goldfajn já trabalhou no FMI e entre 2002 e 2003 ocupou o cargo de diretor de política econômica do Banco Central, quando Armínio Fraga era o presidente. Ele ajudou a implementar o sistema de metas de inflação. A partir de 2009, ele virou economista-chefe e sócio do Itaú Unibanco.

Em um artigo publicado no jornal O Globo no começo de abril, Goldfajn defendeu a redução dos juros. Hoje a taxa está em 14,25% ao ano, mas ressaltou que isso só deve acontecer quando a trajetória de queda da inflação se concretizar. O economista é a favor da adoção de metas para os gastos públicos para manter a política fiscal sob controle. Ele só assume o Banco Central quando o nome dele for aprovado pelo Senado.

O novo secretário da Previdência, Marcelo Caetano, é economista do Ipea, o instituo de pesquisas do governo, formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, e doutor em economia pela PUC do Rio de Janeiro. Entre 1998 e 2005, trabalhou no ministério da Previdência como coordenador geral de atuária, contabilidade e estudos técnicos. Em 2012, assumiu o cargo de coordenador de previdência do Ipea.

Caberá a ele formular as propostas para a reforma da Previdência. Na segunda-feira (16), o governo anunciou um grupo de trabalho para apresentar em 30 dias as mudanças na aposentadoria.

Mansueto de Almeida, especialista em contas públicas, é o novo secretário de Acompanhamento Econômico. Economista formado pela Universidade Federal do Ceará, tem mestrado pela Universidade de São Paulo. Fez doutorado em Cambridge e também é técnico do Ipea.

Ele já trabalhou no ministério da Fazenda como coordenador de política monetária e financeira e também no Senado. Mansueto está com a tarefa de analisar os números do governo e dar o diagnóstico da atual situação econômica do país.

Carlos Hamilton, secretário de Política Econômica, é doutor e mestre em economia pela Fundação Getúlio Vargas e engenheiro civil pela Universidade Federal do Ceará. Ele foi analista na secretaria do Tesouro Nacional e atuou no Banco Central entre 2000 e 2015, onde foi diretor de assuntos internacionais e de política econômica. Deixou o banco em fevereiro de 2015.

O ministro da Fazenda disse que o trabalho da equipe vai ser feito em conjunto: “O Mansuteo vai fazer análise de contas públicas e o Caetano vai se dedicar à área da Previdência Social e às contas da Previdência, trabalhando em conjunto com o Mansueto e com o Carlos Amilton. Com isso, nós vamos ter uma política coordenada”.

Durante o anúncio, Henrique Meirelles disse que Alexandre Tombini continua na presidência do Banco Central até que o nome de Ilan seja aprovado pelo Senado e afirmou ainda que Tombini vai continuar no governo depois de sair do Banco Central.

Vão ser mantidos nos cargos em que já estão: Jorge Rachid, secretário da Receita Federal, e Otávio Ladeira, secretário do Tesouro. Ficaram faltando os nomes para o Banco do Brasil e para a Caixa Econômica, que ainda devem ser anunciados, sem pressa.

Henrique Meirelles disse ainda que a equipe econômica vai fazer um diagnóstico das contas para saber o real tamanho do rombo e saber o que fazer para tirar o país da recessão.

Coletiva
Meirelles começou falando que o governo está fazendo as contas para saber a realidade dos números e, só então, propor uma nova meta fiscal, que precisa passar pelo Congresso: “Nós vamos estar nos próximos dias, prioridade total esta semana, exatamente dedicado, dia e noite, a revisar os números atuais. Porque a questão da meta, em primeiro lugar, tem que saber qual é o número do déficit esse ano. Vamos estar trabalhando nisso intensamente e vamos tá evidentemente propondo a nova meta nos próximos dias, mas evidentemente, dentro do prazo legal”.

O ministro da Fazenda também disse que o governo vai enviar ao Congresso uma proposta de emenda à Constituição para assegurar autonomia ao Banco Central: “O presidente do Banco Central deixa de ser ministro de estado por um lado e por outro lado a prerrogativa de foro especial que é garantida ao ministro será através de uma PEC proposta, que esteja estendida a toda a diretoria do Banco Central e, mais do que isso, nessa PEC será também proposta que seja colocado na Constituição a autonomia técnica decisória. Agora teremos a garantia constitucional de muito maior amplitude para a autonomia técnica da decisão. O Banco Central tem autonomia de decisão”.

Sobre aumento de impostos, Meirelles disse que ainda não decidiu se haverá aumento de impostos, nem qual seria afetado: “Nós vamos trabalhar com os fatos na medida em que acontecem. Nós não temos uma decisão sobre CPMF e, muito menos, sobre Cide. Tudo isso será objeto da análise”.

Meirelles também disse que se nada for feito o desemprego ainda pode subir muito: “Se a restauração da confiança e com a economia em contração como está no momento, e se isso continuasse, o que obviamente não é o caso, o desemprego poderia chegar a 14% ao ano. Agora, vamos tomar todas as medidas necessárias, que é o que estamos estudando pra analisar no devido tempo, para exatamente evitar que o desemprego chegue a 14% ou, como já aconteceu em outros países, até a mais do que isso”.

Ele voltou a falar sobre a necessidade de reforma na Previdência, uma necessidade urgente para que os trabalhadores tenham certeza de que o estado terá condições de pagar os valores acordados: “Mais importante é que exista uma Previdência Social que seja sustentável e autofinanciável. O importante é que todos os trabalhadores tenham a garantia de que aquela aposentadoria será paga e cumprida e que o estado será solvente para cumprir as suas obrigações e é isso o que nós vamos estar estudando com cuidado”.

Meirelles disse que países como China e Estados Unidos estão se recuperando e que não se preocupa com os efeitos da economia mundial no Brasil: “O que eu quero dizer é que não existe um clima de crise ou de algo que possa afetar imediatamente. Temos uma política de monitoração constante”.

O atual presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, divulgou uma nota em que afirma que aprova a escolha de Ilan Goldfajn. Tombini diz que as qualidades e a formação de Goldfajn o credenciam para uma bem-sucedida gestão à frente do Banco Central.

Um comentário:

  1. Sócio do Itaú presidindo o Bacen? Quem passará a fiscalizar o Itaú? Raposa para cuidar do galinheiro!

    ResponderExcluir