segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Caxumba: Bauru teve 6 surtos em 2016

De janeiro a julho, foram 57 casos; surto ocorre quando há dois ou mais registros da doença em um mesmo ambiente ou em período simultâneo
Marcus Liborio

Comum em crianças, a caxumba volta a preocupar os bauruenses. Também conhecida como papeira, a doença já causou seis surtos em Bauru somente de janeiro a julho deste ano, segundo levantamento divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde. São, ao todo, 57 casos referentes a esses surtos. A estatística acende alerta para os cuidados preventivos, uma vez que a imunização incompleta de parte da população está entre as causas do aumento de infectados na cidade.

A pasta destaca que os casos de caxumba não são de notificação obrigatória e, por isso, somente os surtos são quantificados e não as ocorrências individuais. A classificação do surto ocorre quando há dois ou mais casos da doença em um mesmo ambiente ou em período simultâneo.

Exemplo: se em uma mesma escola um aluno contraiu caxumba numa sala de aula e outro em sala diferente, não configura surto. Ou se dois alunos da mesma instituição usam a mesma classe, mas em períodos diferentes, também não há notificação. Porém, a Secretaria de Saúde não detalhou os locais das epidemias: se foram em um único imóvel, escola ou local de trabalho.

A doença é caracterizada por febre alta, aumento das glândulas salivares próximas ao ouvido e dificuldade para mastigar ou salivar, com inchaço no rosto. Quando os sintomas forem percebidos, deve-se procurar um médico para evitar as complicações mais graves, alerta a infectologista Maristela Pastore de Oliveira, chefe do Centro de Referência de Moléstias Infecciosas (CRMI) da Secretaria Municipal de Saúde.

“Especificamente nos homens, pode inflamar a região testicular. O escroto fica inchado e isso pode ter alguma relação com a infertilidade. Porém, é algo que pode acontecer num estágio mais grave da caxumba, quando não se há os cuidados específicos assim que o paciente recebe o diagnóstico. Por isso, o repouso absoluto é muito importante”, orienta Pastore. 

A caxumba é causada por um vírus que se espalha de pessoa para pessoa por meio de saliva infectada. Alguém que não tomou corretamente a vacina pode contrair a doença ao conversar muito próximo da pessoa infectada, beijá-la ou, então, compartilhar utensílios como talheres, copos e pratos, detalha a infectologista.

Pai e filho

Mesmo com todos os cuidados, o microempresário Rogério de Oliveira Santos, de 38 anos, acabou “infectando” o filho adolescente após ser diagnosticado com caxumba, no mês passado. “Ele (o filho) ficou na casa da minha sogra enquanto eu me recuperava, mas, mesmo assim, pegou (a doença) 15 dias depois. Creio que porque, no dia em que começaram os sintomas, como febre e dor para mastigar, passei o dia todo com ele”.

O menino, de 15 anos, não sentiu tantos incômodos. Já Rogério vivenciou dias de sofrimento. “Tive que ficar uma semana em repouso, tendo febre praticamente 24 horas por dia. Conseguia engolir só caldo de sopa”, conta. O microempresário diz que não se recorda de ter sido imunizado quando criança e que o filho se vacinou depois da recuperação.

Prevenção

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou que a melhor forma de prevenção contra a caxumba é através da vacinação aos 12 e 15 meses de vida. Os postos municipais oferecem a imunização gratuitamente, dentro do calendário de vacina. 
Aceituno Jr./JC Imagens
Maristela Pastore afirma que é muito importante a imunização


A pasta acrescenta que, em caso de dúvida, as pessoas que tiverem contato com diagnosticado com a doença deverão receber a vacina mesmo fora da faixa etária acima citada, em qualquer idade. “Também é necessário o levantamento das pessoas que possuem carteira de vacinação, se as mesmas já receberam as duas doses da vacina Sarampo, caxumba e rubéola (SCR) para bloqueio vacinal”, finaliza a nota.

A infectologista Maristela Pastore alega que os surtos não são motivo para colocar Bauru sob alerta, porém, ela reforça a importância da vacinação, pois a falta da imunização é uma das causas da epidemia registrada em Bauru neste ano. “Parte da população ainda deixa de ter esse cuidado”, aponta.

A reportagem questionou a assessoria de comunicação da prefeitura sobre os surtos em anos anteriores, mas não obteve resposta até o final dessa quarta-feira (17).

‘De molho’

Desde segunda-feira, o jornalista Luís Victorelli, 53 anos, está “de molho” em casa. Motivo: caxumba. Ele revelou que não havia tomado a vacina. “Achava que era uma doença que dava só em criança”, comenta.

Victorelli sentiu os sintomas no último final de semana e chegou a pensar que era uma inflamação dentária. “Eu senti um desconforto para mastigar os alimentos”, relata. Sob repouso absoluto e ingerindo muito líquido, o jornalista também está mantendo os devidos cuidados para não contagiar ninguém da família. “Me isolei das minhas filhas (de 7 e 11 anos)”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário