segunda-feira, 20 de março de 2017

Temer reitera defesa da carne, diz que agronegócio não pode ser desvalorizado por pequeno núcleo

Reuters



© Reuters. Presidente Michel Temer vai a churrascaria após encontro com embaixadores, em Brasília

SÃO PAULO (Reuters) - O presidente Michel Temer voltou a minimizar nesta segunda-feira os problemas com a carne brasileira revelados pela operação Carne Fraca da Polícia Federal, afirmando que os "números espantam qualquer dúvida" já que a imensa maioria dos frigoríficos sujeitos a inspeção não é alvo de suspeitas de irregularidades.

Temer reiterou ainda, em discurso durante cerimônia de posse do conselho de administração da Amcham, que o Brasil tem um rigorosos sistema de fiscalização sanitária e que percorreu um longo caminho para conquistar mercado internacional, sendo atualmente exportador para mais de 150 países.

"O agronegócio para nós no Brasil é uma coisa importantíssima e não pode ser desvalorizado por um pequeno núcleo, uma coisa que será menor, apurável, fiscalizável, punível se for o caso, mas não pode comprometer todo o sistema que nós montamos ao longo dos anos", afirmou.

Segundo o presidente, os números de pessoas e unidades suspeitas de envolvimento no esquema de fraude em fiscalização descoberto pela PF apontam para uma escala pequena do problema.

"Vou dar números que espantam qualquer dúvida. Nós temos aqui 4.850 plantas, mais ou menos, de frigoríficos no Brasil. Ora, só três frigoríficos, três plantas, é que foram interditadas, e além das três, mais 18, 19, serão investigadas. Isso em um total, volto a dizer de 4.800 e tantas plantas atinentes a essa área", disse o presidente.

De acordo com números do governo, de 4.837 unidades frigoríficas sujeitas à inspeção federal, apenas 21 estão supostamente envolvidas em eventuais irregularidades, enquanto dos 11 mil funcionários do Ministério da Agricultura, apenas 33 estão sendo investigados.

No domingo, Temer convocou uma reunião de emergência com ministros, executivos e diplomatas estrangeiros para tentar acalmar as preocupações com a qualidade da carne brasileira, que é responsável por 12 bilhões de dólares em exportações por ano.

Apesar do esforço do presidente, que inclusive levou alguns diplomatas a uma churrascaria de Brasília após a reunião, alguns países já anunciaram medidas restritivas contra a carne do Brasil, incluindo China, União Europeia, Coreia do Sul e Chile.

"SENHOR" DA REFORMA

Além de abordar a questão da carne, Temer aproveitou o discurso na Câmara Americana de Comércio Brasil-Estados Unidos (Amcham) para defender as reformas econômicas empreendidas pelo governo.

O presidente citou a elevação na perspectiva do rating do Brasil pela agência Moody's, que passou de negativa para estável, como uma demonstração de que há uma sensação de melhora na economia do país.

"Há uma percepção de que o Brasil está melhorando na economia, está melhorando em vários setores. E esta não é uma avaliação do governo, mas de agências internacionais de risco. Que se orientam, saibam os senhores, por padrões rigorosíssimos", disse.

Temer também reiterou a necessidade de aprovação da reforma da Previdência no Congresso e disse que a prioridade número um do governo é criar empregos.

Ele afirmou que o Legislativo é "o senhor" da reforma da Previdência, já que, por se tratar de uma Proposta de Emenda à Constituição, não cabe ao presidente sancionar ou vetar o texto que será aprovado pelos parlamentares.

Em meio a resistências até mesmo dentro da base governista, Temer disse ter confiança que deputados e senadores têm ciência da necessidade de se realizar a reforma, principal prioridade da agenda legislativa do Palácio do Planalto.



"Temos a convicção de que os congressistas, nossos companheiros congressistas, têm ciência, noção, ideia, muito sólida da necessidade de fazer um ajustamento na Previdência, como fizeram todos os demais países."

(Reportagem de Eduardo Simões)





Escrito por: Reuters

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