sexta-feira, 21 de abril de 2017

Cidadã brasileira acusa funcionária da Metro do Porto de xenofobia

JN




"Só podia ser brasileira". Cláudia Linck assegura que ouviu esta e outra frases xenófobas, esta semana, da parte de uma funcionária da empresa de fiscalização contratada pela Metro do Porto, que, entretanto, negou as acusações. Ainda assim, a Metro pediu desculpa à cliente e diz estar a averiguar o que aconteceu.

Cláudia Link, brasileira residente no Porto há cerca de quatro anos, fez um extenso relato sobre o que aconteceu na passada terça-feira na estação de Campanhã, no Porto. Conta que estava a viajar de metro a caminho de uma entrevista de emprego quando foi alvo de uma ação de fiscalização regular. Nesse momento, percebeu que não só não tinha o bilhete válido para a viagem como nenhum dos seus documentos pessoais, julgando tê-los perdido na correria de entrar no metro a tempo.

O fiscal terá então dito a Cláudia Linck que era necessário acompanhá-lo, encaminhando-a para as instalações da Metro da estação de Campanhã.

Foi aí que a utente tentou explicar a situação a uma funcionária, manifestando a sua aflição por estar atrasada para a entrevista de emprego.

Nesse momento, a funcionária em causa chama a polícia e Cláudia Linck fica ainda mais nervosa: "Entrei em desespero, crise existencial, pânico. Só pensava na entrevista de emprego, só queria sair dali. Já nem me importava com cartão cidadão, com cartão de uma conta bancária que tem 80 cêntimos".

Depois, admitiu, começou a falar mais alto. "A fiscal superior me olhou com uma cara de nojo e disse coisas do tipo: pára de gritar nos meus ouvidos, não estou a gostar de tanto alvoroço, miúda descontrolada, só podia ser brasileira que gosta de barraco, f*-se essa gente... Até que culminou com um alto e claro: volte para o seu país".

A cliente da Metro não se limitou a expor o caso publicamente através do Facebook. Escreveu uma reclamação formal à qual a empresa reagiu.

Ao JN, fonte da Metro do Porto disse ter contactado a cliente, a quem apresentou as suas desculpas, garantindo estar a averiguar a situação. Disse ainda ser procedimento normal contactar a polícia quando os utentes não têm forma de identificar-se.

Sobre a funcionária alvo das acusações, a mesma fonte esclareceu que pertence a uma empresa externa à Metro do Porto contratada para as ações de fiscalização. "Ela nega todas as acusações", sublinhou.

No final, ficou a garantia de que, "após esta primeira abordagem" ao caso, a situação será averiguada "em maior profundidade".

Enquanto isso, o caso ganhou dimensão e a história já foi relatada por vários jornais brasileiros.

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