sexta-feira, 14 de abril de 2017

Pyongyang prepara desafio a Trump com sexto teste nuclear em 11 anos

DW


Kim Jong-un, ontem em Pyongyang, durante a inauguração de um complexo residencial


Presidente dos EUA estuda opções para neutralizar liderança de Pyongyang. Japão adverte para ameaça química.

Imagens de satélite divulgadas esta quinta-feira indicavam que a Coreia do Norte estaria na iminência de realizar um sexto ensaio nuclear a curto prazo, sugerindo especialistas que este poderia decorrer já este sábado, data em que se assinala o 105.º aniversário do nascimento do fundador do regime, Kim Il-sung, avô do atual dirigente, Kim Jong-un.

A confirmar-se este cenário, seria mais um passo na escalada de tensões que se tem acentuado na península coreana desde 2012 na sequência da chegada ao poder de Kim Jong-un. Este acelerou o programa nuclear norte-coreano e tem multiplicado o lançamento de mísseis de médio e longo alcance que, em geral, vão cair no Mar do Japão. Em resposta a esta ameaça, o presidente Donald Trump tornou claro que ela seria enfrentada com todos os meios disponíveis, tendo os EUA enviado para a região o grupo aeronaval de combate do porta-aviões USS Carl Vinson.

A NBC News revelou há cerca de uma semana que o presidente americano está a estudar várias opções, entre as quais a colocação de armas nucleares na península. Até setembro de 1991 existia um arsenal americano estimado em cerca de cem mísseis, que foi retirado após os acordos que puseram fim à Guerra Fria. Segundo a NBC News, que cita um antigo embaixador dos EUA em Seul, Mark Lippert, a ideia seria bem vista por grande número de sul-coreanos, mas teria um efeito colateral negativo. Lippert considera que minaria a autoridade moral da Coreia do Sul na questão da desnuclearização da península. No passado, Seul e Pyongyang assinaram um acordo comprometendo-se a manter os respetivos países livres de armas nucleares, que manifestamente a Coreia do Norte está atualmente a violar.

Outra opção seria a colocação de bombardeiros de longo alcance em Guam e o reforço das forças estacionadas na Coreia do Sul, para produzir um efeito dissuasor. Em fevereiro, foi anunciada a colocação a título permanente de unidades de aviões não tripulados (drones) de combate MQ-1C Gray Eagle com capacidade para abater mísseis. E no mês seguinte começaram as chegar as baterias antimísseis THAAD.

Uma terceira alternativa seria a eliminação física dos responsáveis pelo programa nuclear de Pyongyang e, eventualmente, do próprio Kim Jong-un. Mas um almirante na reserva, James Stavridis, fez notar à NBC que, se "esta é uma estratégia tentadora, a pergunta a fazer é o que vai suceder no dia seguinte [à eliminação física]?".

A reforçar a atmosfera na regional, o primeiro-ministro japonês Shinzo Abe disse ontem que Pyongyang tem capacidade para disparar mísseis com gás sarin. Para o governante nipónico, esta é uma "nova dimensão" da ameaça que o regime norte-coreano representa para a Ásia oriental.

Outro sinal da tensão na península coreana surgiu em notícias divulgadas na noite de quarta para quinta-feira de que o líder do regime de Pyongyang teria ordenado o abandono de centenas de milhares de pessoas da capital, sem outros detalhes. A edição em inglês do jornal russo Pravda refere o número de 600 mil, ou seja 25% dos residentes, e aponta como razão a falta de capacidade dos abrigos antiaéreos para albergar a totalidade da população.

Quatro datas

2006

Primeiro ensaio nuclear, a 9 de outubro. A 14, o Conselho de Segurança da ONU aprova sanções contra Pyongyang

2013

Terceiro ensaio nuclear, a 12 de fevereiro. Kim Jong-un chegara ao poder a 31 de dezembro de 2011

2015

Pyongyang diz ter capacidade para miniaturizar armas nucleares, passo indispensável para sua utilização em mísseis

2017

Lançados quatro mísseis balísticos, a 6 de março, que caem a 300 quilómetros da costa japonesa

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