sábado, 3 de junho de 2017

25 anos (e algumas horas) à espera de um encore

DN



Axl Rose e Slash: o vocalista já não usa bandana mas o guitarista não deixou o chapéu, replicado na cabeça de muitos fãs ontem em Algés

| JORGE AMARAL / GLOBAL IMAGENS

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Os Guns n" Roses provaram ontem, no Passeio Marítimo de Algés, porque são uma das maiores bandas rock da história, com uma atuação exemplar que, para muitos dos presentes, serviu de compensação pelo desastroso concerto de há 25 anos, no Estádio de Alvalade

Sara tinha 12 anos em 1992 e os Guns n' Roses, mais que uma paixão, eram "uma obsessão". É a própria quem o afirma, quase 25 anos depois, enquanto aguarda o reencontro com os velhos ídolos, que na altura viu na companhia de uma amiga, da mãe e do tio, no velho estádio de Alvalade. Foi a mãe que lhe ligou, a dar a notícia de que os Guns iam voltar a Portugal. "Até tinha uma bandeira, com uma fotografia da banda e o quarto forrado com posters. Hoje sigo-os no Instagram", afirma Sara, enquanto ouve o concerto de Mark Lanegan, outro digníssimo sobrevivente dos anos 90 que aqueceu (e bastante bem, sublinhe-se) o público antes da banda principal. Sara não trouxe a sua bandeira, guardado algures numa gaveta da casa de sua mãe, mas eram muitas as bandeiras que se viam entre o público, recuperando esse hábito antigo dos grandes concertos rock.

Tudo ontem à tarde remetia, aliás, para esses gloriosos velhos tempos: o trânsito infernal, as filas de gente, as garrafas e latas de cerveja nas mãos de todos e pelo chão, as roupas e todo um sem fim de adereços que, um quarto de século depois, tanto podem ser o suprassumo do "cool" como uma caricatura carnavalesca. Olhando à volta, veem-se um pouco por todo o lado sósias mal amanhados de Slash, com cartola e peruca encaracolada, e muitas bandanas nas cabeças, como Axl Rose usava.


O Passeio Marítimo de Algés encheu-se de fãs, novos e antigos, dos Guns

| JORGE AMARAL / GLOBAL IMAGENS

Quem também esteve em Alvalade, foi Francisco, à época já "um homem de 21 anos". Tem até vestida uma t-shirt da altura "para o provar", como faz questão de mostrar. Foi um dos milhares que atiraram garrafas e relva para o palco, que haveriam de provocar a célebre birra do vocalista. "A culpa foi do Mike Patton [vocalista dos Faith no More, que actuou antes]", recorda divertido. "Estou há 25 anos à espera de um encore", diz, com uma gargalhada.

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