Walter Benjamin optou por um modo de exposição de seu pensamento sobre a história, fundamentado na construção de imagens e alegorias, sem que seja preciso recorrer ao formalismo da investigação metodológica, preso às regras e às leis convencionais enraizadas na estrutura representacionista do conhecimento.
Entendemos que a associação é significante, porque tanto a literatura como a história, utilizam-se da narrativa. Vejamos como Benjamin desenha seu anjo:
Há um quadro de Klee que se chama Ângelus Novus. Representa um anjo que parece querer afastar-se de algo que ele encara fixamente. Seus olhos estão escancarados, sua boca dilatada, suas asas abertas. O anjo da história deve ter esse aspecto. Seu rosto está dirigido para o passado. Onde nós vemos uma única cadeia de acontecimentos, ele vê uma catástrofe única, que acumula incansavelmente ruína sobre ruína e as dispersa a nossos pés. Ele gostaria de deter-se para acordar os mortos e juntar os fragmentos. Mas uma tempestade sopra do paraíso e prende-se em suas asas com tanta força que ele não pode mais fechá-las. Essa tempestade o impele irresistivelmente para o futuro, ao qual ele vira as costas, enquanto o amontoado de ruínas cresce até o céu. Essa tempestade é o que chamamos progresso (Benjamin, 1994, p.162).
Benjamin ab-roga a idéia de uma marcha irrefreável em direção ao futuro, proposta pelo progresso, de uma marcha que simplesmente atravessa as eras, insensível ao cruzamento dos fatos.
A alegoria benjaminiana é um gênero literário que deve ser compreendido como uma narrativa acerca de uma condição histórica contemporânea, na qual há um forte sentimento de perda e revelada transitoriedade, simultâneas a um desejo contínuo e insaciável pela apropriação de um passado histórico, que na verdade é mítico, para suportar, sustentar, esperança permanente de redenção vindoura. Torna-se então inconveniente pensar a nação apenas no âmbito de suas fronteiras, mas pensá-la como objeto de uma construção discursiva que deve ser entendida como uma alegoria nacional que referencia o inconsciente coletivo em uma unidade social.
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ResponderExcluirMauricio