A
efemeridade temporal, os imbróglios do passado, as frustrações do presente; as
mesmíssimas promessas ou o devaneio das mesmíssimas. Ninguém é solerte às
reviravoltas do tempo, do tempo que pára, que não pára, que paira e é consciente.
Aprendemos pela latinidade a tripartir o tempo em passado, presente e futuro. Nossos
pais gregos cultuavam o tempo sob as noções de um código Morse, era pontilhar,
aoristo, ou contínuo “gerundista”, uma linha, um traço sem fim. A vida era um
ponto no agora, presentemente contínua, um ponto agora e presentemente contínuo
no passado, um ponto no passado e presentemente até o momento contínuo do traço
presente, um ponto no presente para a continuidade no futuro, perfeito,
imperfeito, mais-do-que-perfeito; aoristo, velava-se a qualidade da ação verbal
e não marcada cronologia triádica. Os semitas, os hebreus, simplificavam o
tempo. O passado revelava-se em um tempo perfeito, completo, o presente e o
futuro manifestavam-se em um tempo incompleto: o tempo é já e não é. Santo
Agostinho discutiu a atemporalidade de Deus, não estava sujeito ao tempo, a
eternidade não é tempo contínuo ao passado, nem ao futuro, eternidade é tempo
inexistente, conjunto vazio. São os pecadores, comedores de farinha como você e
eu, que categorizam o tempo, simplificamos, complicamos, dele nos libertamos e
nos aprisionamos. Sim, para Agostinho temos apenas a consciência do tempo, é uma
ficção, uma narrativa, o tempo não existe. Não existe o passado, não existe o
futuro. O passado está em potência no presente, o futuro digresso nele. Somente
o agora permanece. Mas se assim o é, por que história, por que projetos, por
que felicitar, por que queimar fogos, por que vestir, festejar, chorar, entristecer,
alegrar-se com o tempo, com um ano novo que inicia com um ano velho que
termina. Porque todos construímos a estória na história. Criamos uns nos outros
narrativas, romances, enredos, nos quais os protagonistas somos nós, o que é
por fim poder decidir nossa própria “história”. Decidir é também expectar. Ninguém
nesta vida executa monólogos. Está na atividade ficcional, na ficção como
memória, não como mentira, o princípio de toda arte, da construção humana “no
tempo”, o principio pelo qual ascendeu a cultura e a civilização. De onde
proveio a linguagem, não o contrário. Usamos a linguagem para refazer este
plebiscito diário de cada narrativa, que personagens concordamos ser ou estar
em nossa ou em outras narrativas. Não de somenos Einstein tentou relativizar o
tempo, mas não pôde alcançar o absolutismo da atemporalidade. Todavia, se
somente o presente é existente, por que envelhecemos, definhamos e morremos?
Porque toda a Criação, o Cosmos, também registra sua narrativa. A história em
nossa estória, da qual não somos protagonistas, por vezes antagonistas,
personagens menores, secundários, figurantes. A travessia de mais um ano
diacroniza a sincronia do hoje. É um rito de passagem, não existem mais fogos
ou vestes brancas, a festa acabou, mas iniciamos um novo capítulo deste romance
que pretende desenlaçar em um final feliz. Feliz Ano Novo, e por que não, ou melhor
dizer, BOM DIA!
Oi,vim conhecer seu Blog,amei e já estou super segundo,parabêns por seu cantinho e muito sucesso aqui!
ResponderExcluirTe convido para conhecer meu Blog e se gostar e puder seguir também,será muito bem vinda,sinta-se em casa!
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